De onde vem a cor de ouro do capim-dourado

Provavelmente, você já viu algum utensílio ou bijuteria feitos com capim-dourado. Os objetos que são feitos dessa planta estão na moda e podem ser encontrados em vários lugares do Brasil, desde feirinhas de artesanato até lojas muito requintadas. Porém, o que faz essa planta ter a cor semelhante à do ouro? Essa foi a pergunta feita por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O capim-dourado é a planta seca da espécie Syngonanthus nitens, que é típica do Jalapão (Tocantins). Para descobrir porque esse capim era colorido, os físicos da UFPR, liderados por Wido Schreiner, fizeram vários experimentos. No começo, eles imaginaram que a cor era devida à presença de algum metal, já que a cor e o brilho da planta são bem semelhantes às dos metais. Assim, foram feitos testes em microscopia eletrônica, mas não foram encontrados metais na composição da planta. Então, eles prosseguiram o estudo, analisando do que a planta é feita. Na análise química, eles encontraram flavonoides que interagem de modo especial com a luz do Sol. Os flavonoides são compostos químicos que estão presentes em vários vegetais, principalmente, em frutas de cores vermelha, roxa ou rosa, como a uva, o morango, a amora etc. Assim, esses pigmentos, que também atuam como antioxidantes, prevenindo o envelhecimento precoce e várias doenças, têm sido usados e pesquisados no mundo todo. Contudo, ninguém desconfiava que uma planta de cor dourada também teria pigmentos semelhantes. Os flavonoides atuam como pigmentos porque absorvem luz do espectro eletromagnético. No caso dos flavonoides presentes no capim-dourado, quando a luz branca, que contém todo o espectro visível misturado, incide sobre a planta, há absorção da luz azul, violeta e ultravioleta, e são refletidas as luzes vermelha e amarela, o que resulta na cor dourada. Sabendo que os flavonoides das outras plantas possuem propriedades para serem usados como medicamentos e em formulações de cosméticos, os pesquisadores procuraram ver se havia usos para os flavonoides do capim-dourado. Eles acreditam que por ter essa capacidade de absorver luz, eles podem ser usados para fabricar testes que serão úteis para o diagnóstico de várias doenças, incluindo a AIDS e a Hepatite. Quando uma pessoa está com alguma doença, ou já teve contato com um vírus ou bactéria, o corpo desenvolve anticorpos para aquele microrganismo, que fica em seu corpo. Dessa forma, é possível misturar uma gota de sangue do paciente com as proteínas do microrganismo. Se a pessoa já tiver tido contato com a doença ou estiver infectada, haverá uma reação, pois os anticorpos irão se ligar às proteínas. E para ver se houve essa reação ou não, os pesquisadores colocam substâncias fluorescentes nas proteínas e veem no microscópio a reação. Porém, essas substâncias fluorescentes são importadas e caras, podendo ser substituídas pelos flavonoides do capim-dourado. A ideia é usar produtos brasileiros para não depender mais dos estrangeiros. Fonte: http://clickeaprenda.uol.com.br/portal/mostrarConteudo.php?idPagina=34636